Em 2017 a Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica (APEZ) realizava o 1º Congresso Internacional de Avicultura, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Dedicar uma reunião técnico-científica unicamente a este que é um dos maiores setores de produção animal do país (e do mundo), fazia, à data, todo o sentido. Esta iniciativa foi um sucesso, não só em números de palestrantes e participantes, como também na marca que deixou no setor. Fruto do sucesso da primeira iniciativa, dois anos depois, em 2019, a APEZ realizou o II Congresso Internacional de Avicultura – AVIS’19, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto. Esta segunda reunião consagrou o AVIS como o fórum de discussão técnico-científica do setor avícola, um local onde a partilha de saberes, resultados e perspetivas futuras é feito de forma aberta, fluida e com repercussões práticas de aplicação.
É, portanto, com um orgulho especial que realizámos esta que é já a 3ª edição do AVIS, nos passados dias 4 e 5 de Maio, com o apoio da Escola Superior Agrária de Viseu, no Instituto Politécnico da bela cidade de Viseu, numa região onde temos uma grande concentração de explorações avícolas, trazendo para junto da produção esta reunião de discussão em torno do setor.
Como ideia geral positiva, verificámos um entendimento generalizado sobre os aspetos mais importantes (dificuldades, ameaças, oportunidades e vantagens) associados ao setor. Em relação ao futuro da avicultura foi reforçada a importância da análise das recomendações da EFSA, o enquadramento da produção relativamente aos desafios societais e da humanidade, nomeadamente o impacto da guerra na Ucrânia e da pandemia COVID-19, que evidenciam como nada está garantido. Neste sentido, o setor da avicultura está na linha da frente na capacidade de mudança, resiliência reajustando suas premissas.
Abordaram-se as oportunidades alimentares, enfatizando a evolução que se pretende na valorização de novas fontes proteicas e a gestão de cadeias logísticas curtas. Foram evidenciados novos desafios de sistemas alternativos de produção de ovos e a necessidade de aferição dos processos de maneio. Destacou-se a importância contínua da utilização de características associadas à saúde e bem-estar animal nos programas de melhoramento genético em avicultura. Apresentaram-se radiografias e aspetos gerais de maneio em perus e patos em Portugal. Foram, ainda, abordadas tecnologias não invasivas e demonstrada a sua fundamental importância na adoção de estratégias de sexagem in-ovo como paradigma de produção de ovos. A ambiência em produção de aves, bem como a legislação e certificação de bem-estar animal tiveram enquadramento geral como meios de gestão e controlo produtivo. A importância da profilaxia através da adoção de novas vacinas (nomeadamente da gripe aviária de alta patogenicidade), o aumento do conhecimento para a modulação do microbioma e saúde intestinal e o suporte de novas tecnologias de diagnóstico no controlo de patologias e deteção de antibióticos foram referidos. Foi mencionada a importância da digitalização e da utilização da inteligência artificial no apoio à decisão para o aumento da produtividade com melhor bem-estar e saúde animal. Foi, também, analisada a visão dos consumidores e as suas exigências para os produtos originados neste setor; o desenvolvimento de produtos de valor acrescentado; e a evolução nos controlos oficiais das cadeias de valor foram enquadrados na necessidade de avaliação sistemática dos processos produtivos como suporte para a comunicação real objetiva e científica à sociedade (consumidores).
Para além do vasto programa científico, acreditámos que um dos pontos altos do AVIS’23, foi a simbólica homenagem que prestámos ao Professor Manuel Chaveiro Soares, a quem entregamos a distinção de Sócio Honorário da APEZ e para quem executamos um livro com testemunhos de familiares e pessoas próximas.
Estivemos, ainda, reunidos à mesa, no Jantar AVIS’23, realizado na Quinta da Magarenha, para fomentar a permuta de ideias.
Por fim, deixamos um agradecimento à nossa comissão científica que incansavelmente trabalhou para a construção de um excelente programa, tendo o cuidado de tocar as áreas mais pertinentes e chamar os oradores mais adequados. Aos nossos oradores, agradecemos a participação e disponibilidade na partilha. Uma palavra de apreço às mais de 35 empresas e instituições que patrocinaram e apoiaram o AVIS, e que ano após ano, evento após evento, mantêm a confiança no nosso trabalho, e sem os quais a organização deste evento não seria possível. A todos os 250 congressistas, a vossa presença e apoio é prova de que estamos a trabalhar em prol da Zootecnia e pela transferência de conhecimento aplicado às necessidades dos técnicos e das empresas. Aos nossos quatro incríveis voluntários, um agradecimento especial por todo o empenho, profissionalismo e boa disposição. À comissão organizadora, em especial ao Professor Jorge Oliveira e à nossa Secretária-Geral, Engenheira Telma G. Pinto, por todo o envolvimento e trabalho dos últimos meses que levaram este evento ao sucesso que acreditamos que foi. Ao IPV e à ESAV pela colaboração na organização e cedência dos espaços. Obrigado!
Esperamos que estes dois dias tenham sido profícuos e de valor para o setor, a agradecemos a possibilidade de podermos continuar a trabalhar em prol dos Zootécnicos e da Zootecnia no geral, em particular nesta reunião na área da Avicultura.
Até 2025!
Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica